Quando oito é igual a doze
A Intentona Bolsonarista de 08/01 foi apenas uma continuação do 12/12, ainda no governo anterior.
Rio de Janeiro, 26 de abril de 2023 - Edição 022 - Nulla dies sine linea - Atualizado 15h30min
Tudo começou no dia da diplomação de Lula para seu terceiro mandato, em 12 de dezembro de 2022, numa referência óbvia ao 6 de janeiro de 2021 nos EUA, quando Joe Biden foi igualmente diplomado e o Capitólio foi invadido por trumpistas radicais que não aceitavam o resultado da eleição.
Depois de muita confusão, o pastor evangélico e dublê de cacique José Acácio Xavante foi preso pela PF em Brasília, surpreendentemente a pedido da PGR de Augusto Aras.
O índio bolsonarista era conhecido por seus ataque públicos ao sistema eleitoral e ofensas ao ministro Alexandre de Moraes (veja aqui). No início do mesmo mês, um grupo liderado pelo “cacique” já tinha invadido o aeroporto da capital federal gritando "se precisar, a gente acampa, mas o ladrão não sobe a rampa", causando atrasos nos voos.
Por volta das 19h30 daquele dia, um grupo de bolsonaristas começou uma série de ataques terroristas com a intenção declarada de retirar à força José Acácio Xavante da sede da PF. Carros foram incendiados e houve confronto com a polícia. O governador do DF, Ibaneis Rocha (PMDB), declarou que deu ordens para “prender vândalos”, mas ninguém foi preso.
"Lula não foi eleito, TSE roubou os votos para Lula, houve crime eleitoral, violaram a urna de votação. O ministro Alexandre de Moraes é bandido e ladrão.”
José Acácio Xavante (08/11/2022, no Twitter)
Na véspera de Natal, o terrorista paraense George Washington planejou e, por muito pouco, não conseguiu explodir um caminhão-tanque próximo ao aeroporto de Brasília. Na sua casa, um verdadeiro arsenal foi encontrado (veja foto abaixo). Ele estava junto com os acampados na frente de quartéis.
Tudo isso aconteceu ainda em dezembro, quando o presidente era Jair Bolsonaro, o ministro da justiça era Anderson Torres e o chefe do GSI era o general Augusto Heleno. O golpismo corria solto e o lema era não deixar Lula subir a rampa.
As tensões apenas seguiram seu curso natural e, em 8 de janeiro, deu no que deu. Por mais que bolsonaristas tentem criar teorias conspiratórias, não há uma única evidência até o momento, por mais remota que seja, que o governo Lula tem participado, por ação ou omissão, dos atos terroristas daquele fatídico dia.
É claro que se pode falar em alguma negligência ou incompetência do governo que mal completava a primeira semana, mas qualquer coisa além disso, pelo que se sabe até agora, não se sustenta. A inversão que está havendo, em que se tenta culpar a vítima, é nada menos que surreal.
Hoje começam os trabalhos da CPMI que diz que vai investigar o que ocorreu naquele dia. Há todos os motivos para ceticismo. O mais provável é que comece mais um circo de horrores para fomentar ainda mais radicalização em redes sociais.
O Brasil continua fazendo tudo para abandonar suas verdadeiras prioridades e apostar no espetáculo politico mais chulo, vulgar e exibicionista de políticos sem ideias, sem projetos e sem qualquer compromisso com o país. Tem tudo para dar errado, mais uma vez.
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Alexandre Borges
Analista Político @ Jovem Pan News
Twitter: https://twitter.com/alex_borges
Instagram: https://www.instagram.com/fala_borges
Vandalos bolsonaristas! Só nao sao terroristas, porque o pt nao quis… Alguma negligencia?! #08DeJaneiroTodosSabiamNadaFizeram
Algumas coisas que eu penso sobre essas questões:
1. As tentativas de atacar as instituições definitivamente não deram certo (o governo eleito tomou posse e esta governando) então mesmo com esses ataques sabemos: nossas instituições dão conta de conter ataques, e qualquer forma de “fortalecer as instituições” agora só vão servir para reprimir a população.
2. Se eu fosse tentar dar um golpe, tentaria reivindicar o poder e sentar na mesa dos poderosos e exercer o poder de la, e não faria minhas necessidades em cima da mesa da qual eu supostamente gostaria de exercer o poder. Ninguém reivindicou o poder, mesmo após “tomar” os palacios.
3. Quem entrou no congresso aquele dia não eram “infiltrados”, ou o “povo brasileiro”, eram 3.000 pessoas que tinham um “wishful thinking” de que a “verdade seria revelada”. É bom lembrar que no Fora FHC aquela praça recebeu mais de 100.000 pessoas e a segurança deu conta, então houve a princípio uma INCOMPETÊNCIA do GDF, MJ e GSI, falar que foi OMISSÃO é um salto lógico muito grande que beira a teoria da conspiração.
Os dois lados ficam buscando teorias da conspiração para gerar medo em suas respectivas bases e buscar a repressão do lado adversários: lei de censura, criminalização do MST, etc.