“Eu juro que só gasto um pouquinho” e outras mentiras que os governos contam
As primeiras impressões do novo "calabouço fiscal", como apelidou Alexandre Schwartsman, causam preocupação. Cabe ao congresso dar a forma final.
Rio de Janeiro, 30 de março de 2023 - Edição 018 - Nulla dies sine linea - Atualizado 19h00min
A sanha gastadora vai continuar
O governo brasileiro é um papagaio obeso que precisa emagrecer. Agora diz que vai continuar engordando, mas um pouco menos do que anteriormente. Há quem ache isso boa notícia.
Poderia, por óbvio, ser pior. O Lula 3, que tenta reviver o Lula 1, poderia ser mais parecido com o funesto Lula 2, gestão que armou as bombas-relógio fiscais que explodiram no colo de Dilma Rousseff. Poderíamos ter Guido Mantega em vez de Fernando Haddad e estaríamos hoje discutindo empréstimos do BNDES para a Nicarágua.
Para o governo, a caneta gastadora está limitada em 70% do aumento da arrecadação, o que coloca um incentivo a mais na sanha confiscatória do estado. O papagaio, mais uma vez, não deu um pio sobre perder peso. Ao menos, neste ponto, há sinceridade.
O problema maior, que ainda não vi ninguém falando, é sobre o que se entende por despesa. Se já é ruim ter uma licença para gastar desta envergadura, pense a luta que vai começar pela definição do que é despesa. Anote e me cobre depois.
“Educação não é despesa, é investimento!”, e lá vamos nós com uma exceção. Agora troque educação por moradia, alimentação, bolsas assistencialistas, moradia, infraestrutura, em breve é só convencer o parlamento de que algo não é despesa, mas “investimento” e pronto, mais um prato cheio para o papagaio se refastelar sem se preocupar com a balança.
É claro que é um alívio não ver um ministro da fazenda apresentando uma platitude qualquer batizada de “verde amarela” e, entre um impropério e outro contra tudo e contra todos, um xingamento à esposa do Macron ou uma reclamação de que domésticas pegam avião. Vade retro!
Mesmo livres dessa figura nefasta, ainda é muito, muito pouco para se ter esperanças num país que passe a cortar gastos e deixe a sociedade livre para empreender, produzir e crescer.
Leia mais aqui: https://braziljournal.com/regra-fiscal-uma-avaliacao-preliminar
Al Jair das arábias voltou. Salaam Aleikum!
O ex-presidente voltou dizendo que não vai liderar a oposição, mas ele tem muito o que se preocupar. E não é só com a polícia.
Seus filhos Flavio e Eduardo são pré-candidatos a prefeito ano que vem, por motivos muito distintos e com perspectivas também diferentes. Enquanto Al Jair chega para puxar as rédeas da parceria entre Valdemar Costa Neto e sua esposa, o senador Flávio, gozando de um confortável mandato de oito anos, pode tranquilamente testar a temperatura da água contra Eduardo Paes, sempre favorito.
Zero Um entra como azarão e pode perder sem qualquer prejuízo para sua carreira. O filho Zero Três, apelidado involuntariamente por Hamilton Mourão de bananinha, vive uma situação delicada. Ex-campeão de votos, viu Nikolas Ferreira ter mais que o dobro de seus votos em Minas Gerais, um eleitorado menor que o de São Paulo, e ainda amargou ficar atrás de Guilherme Boulos, seu provável adversário ano que vem, e Carla Zambelli.
Como se não bastasse, Ricardo Salles já deu entrevistas como pré-candidato a prefeito de São Paulo, numa clara disputa pela posição de maior liderança bolsonarista na maior cidade do país. Se Salles se torna prefeito de São Paulo, com Tarcísio no Palácio Bandeirantes, Zero Três pode começar a se conformar com a vaga de deputado federal como teto para suas aspirações políticas. Logo ele, visto como sucessor natural do pai pela ala ideológica do Planalto ou “Foro de Sorocaba”.
O próprio Jair Bolsonaro declarou apoio a Ricardo Salles, deixando também o atual prefeito de São Paulo Ricardo Nunes a ver navios. A bananinha verde bolsonarista pode estar estragando antes mesmo de amadurecer.
Veja meus comentários no Fast News da Jovem Pan sobre o arcabouço fiscal e a volta de Al Jair.
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Alexandre Borges
Analista Político @ Jovem Pan News
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Ricardo Salles x Boulos em SP Jamais! Atentos paulistanos! Mas Xico Graziano em Ilhabela seria o maximo!